sábado, 27 de dezembro de 2008

Cattleya .


Olha-me.

Castro Alves

O teu olhar sereno e brando
Entra-me o peito, como um largo rio
De ondas de ouro e de luz, límpido, entrando
O ermo de um bosque tenebroso e frio.

Fala-me! Em grupos doudejantes, quando
Falas, por noites cálidas de estio,
As estrelas acendem-se, radiando,
Altas, semeadas pelo céu sombrio.

Olha-me assim! Fala-me assim! De pranto
Agora, agora de ternura cheia,
Abre em chispas de fogo essa pupila...

E enquanto eu ardo em sua luz, enquanto
Em seu fulgor me abraso, uma sereia
Soluce e cante nessa voz tranqüila!

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Esperança

Doçura

Charles Fonseca
Do comedor saiu comida
E de onde fel saiu doçura
Da tua alma a formosura
A mim veio à face amiga

De tua fala só mansa
Do teu olhar um tão brilho
Que minha alma em espartilho
Agora sorri, brinca, dança.

Bouguereau, Adolphe-Willian : O nascimento de Vênus (1879).


domingo, 14 de dezembro de 2008

Então é Natal....

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William Shakespeare.

SONETO LXV
Se a morte predomina na bravura
Do bronze, pedra, terra e imenso mar,
Pode sobreviver a formosura,
Tendo da flor a força a devastar?
Como pode o aroma do verão
Deter o forte assédio destes dias,
Se portas de aço e duras rochas não
Podem vencer do Tempo a tirania?
Onde ocultar - meditação atroz -
O ouro que o Tempo quer em sua arca?
Que mão pode deter seu pé veloz,
Ou que beleza o Tempo não demarca?
Nenhuma! A menos que este meu amor
Em negra tinta guarde o seu fulgor.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Você voltou para junto dos nossos no Rio e em Minas e eu fiquei aqui (meio sem pé), com o coração na mão e uma saudade imensa no peito. Obrigada por tanto carinho, dedicação e amor. Sei que estamos juntas, não é acaso; sou grata a Deus por ter escolhido a dedo, as pessoas para povoaem minha vida.

Chico Buarque - Construção.

Meus Oito Anos.


Casimiro de Abreu
Oh ! que saudades que eu tenho

Da aurora da minha vida,

Da minha infância querida

Que os anos não trazem mais !

Que amor, que sonhos, que flores,

Naquelas tardes fagueiras

À sombra das bananeiras,

Debaixo dos laranjais !
Como são belos os dias

Do despontar da existência !-

Respira a alma inocência

Como perfumes a flor;

O mar é - lago sereno,

O céu - um manto azulado,

O mundo - um sonho dourado,

A vida - um hino d'amor !
Que auroras, que sol, que vida,

Que noites de melodia

Naquela doce alegria,

Naquele ingênuo folgar !

O céu bordado d'estrelas,

A terra de aromas cheia,

As ondas beijando a areia

E a lua beijando o mar !
Oh ! dias de minha infância !

Oh ! meu céu de primavera !

Que doce a vida não era

Nessa risonha manhã !

Em vez de mágoas de agora,

Eu tinha nessas delícias

De minha mãe as carícias

E beijos de minha irmã !
Livre filho das montanhas,

Eu ia bem satisfeito,

De camisa aberta ao peito,-

Pés descalços, braços nus -

Correndo pelas campinas

À roda das cachoeiras,

Atrás das asas ligeiras

Das borboletas azuis !
Naqueles tempos ditosos

Ia colher as pitangas,

Trepava a tirar as mangas,

Brincava à beira do mar;

Rezava às Ave-Marias,

Achava o céu sempre lindo,

Adormecia sorrindo,

E despertava a cantar !
Oh ! que saudades que eu tenho

Da aurora da minha vida

Da minha infância querida

Que os anos não trazem mais !-

Que amor, que sonhos, que flores,

Naquelas tardes fagueiras

À sombra das bananeiras,

Debaixo dos laranjais.
http://www.grupopspbrasil.com.br/Temal/oitoanos/oitoanos.htm

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Homenagem


Eu te saudo Bahia, na figura dos teus orixás!
Lembrança de momentos vividos na grande capital do sincretismo.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Vivaldi para o seu deleite.

As duas flores - Casto Alves.

São duas flores unidas,
São duas rosas nascidas
Talvez no mesmo arrebol,
Vivendo no mesmo galho,
Da mesma gota de orvalho,
Do mesmo raio de sol.

Unidas, bem como as penas
Das duas asas pequenas
De um passarinho do céu...
Como um casal de rolinhas,
Como a tribo de andorinhas
Da tarde no frouxo véu.

Unidas, bem como os prantos,
Que em parelha descem tantos
Das profundezas do olhar...
Como o suspiro e o desgosto,
Como as covinhas do rosto,
Como as estrelas do mar.

Unidas... Ai quem pudera
Numa eterna primavera
Viver, qual vive esta flor.
Juntar as rosas da vida
Na rama verde e florida,
Na verde rama do amor!

Um Miró, com carinho.